Entrevista realizada com André Luis
Corrêa sobre o GEAMA, sobre Eurípedes e a viagem do Grupo em Sacramento – MG.
(Thamyres):
André, o que é o GEAMA?
R:(André): O projeto ao
qual dedico grande parte da minha vida. Como o próprio nome diz, é um grupo de
amigos que desejam realizar sua reforma íntima e, para isso, se utilizam da
Arte, da Educação e do Espiritismo. Buscamos nos tornarmos pessoas de bem, a
fim de mudarmos o mundo à nossa volta. Queremos ajudar a construir um mundo
melhor e começamos fazendo isso dentro de nós.
O GEAMA nasceu de uma idéia inspiradora para a criação de um trabalho
voltado para os jovens de um centro espírita. Tudo começou com teatro e estudo
da Doutrina Espírita. Aos poucos as pessoas chegaram, de várias faixas etárias,
compondo o que o GEAMA é hoje. Eu costumo me referir ao GEAMA sempre lembrando
que ele é um nome apenas, algo abstrato. As pessoas que fazem parte desse
projeto é que formam o GEAMA e é nelas que penso, quando me refiro ao grupo.
Somos uma família, porque nos amamos sinceramente e trabalhamos juntos,
buscando orientações com os bons espíritos e tendo como modelo o nosso Mestre
Jesus.
Estou há oito anos no GEAMA, desde a sua criação, acompanhando cada
etapa que o grupo vivenciou. Nesses oito anos tanta coisa aconteceu, que eu
posso, sem dúvida, afirmar que a minha história de vida está intimamente ligada
ao projeto chamado GEAMA. É um trabalho sério e ao qual eu me envolvo de
coração, desejando sempre ver no grupo a mesma seriedade de Allan Kardec e o
mesmo amor de Eurípedes Barsanulfo.
(Thamyres): Qual
é o seu papel dentro do grupo?
R: (André): O grupo é
coordenado por um colegiado, de maneira descentralizada. Atualmente o colegiado
conta com oito membros, que coordenam as cinco áreas de atuação do grupo. Eu
sou apenas um desses oito e atuo nas áreas de ARTE e de EDUCAÇÃO E ESPIRITISMO.
Além dessas duas, existem a de CARIDADE E REFORMA ÍNTIMA, a de VISÃO
ESTRATÉGICA E PROJETO e a de DIVULGAÇÃO E GESTÃO. Basicamente eu me encarrego
de preparar estudos e oficinas envolvendo a teoria e a prática de Arte. Faço
parte do Núcleo de Música, do Núcleo Mediúnico, do Núcleo Familiar, do Núcleo
de Estudos da Educação, do Coral e da Equipe do Blog, que administra o site do
GEAMA. (www.geama.com.br)
(Thamyres):Você é
um artista brilhante, inclusive é professor de artes,o que é arte para vc?
R:(André): Estou ainda
muito aquém de ser o artista que gostaria. Tenho investido pouco tempo para
desenvolver os talentos que trouxe nessa encarnação. Eu trabalho como
arte-educador há 2 anos e não diria que sou um professor exemplar. Ainda tenho
muito para aprender sobre a Pedagogia, a Educação e a Arte. Apesar de ser
especializado em artes visuais, possuo um vínculo forte com a música. Ela é
como um segundo sangue, da a qual não consigo me distanciar por muito tempo. A
música me envolve e me sensibiliza de maneira concreta. Sou afetado pela
energia das músicas que eu ouço. O mesmo ocorre, com menos potência, nas artes
visuais. Adoro estudar arte e adoro desenhar usando muitas cores. A arte, para
mim, é uma das coisas mais humanas que temos, uma bênção de Deus para que os
homens sintam a essência divina e bela que possuem dentro de si mesmos. A arte
é a linguagem da beleza, da harmonia, de Deus e o homem consegue compreendê-la
parcialmente. A arte mudou e muda a minha vida, me fazendo enxergar tudo ao meu
redor com olhares mais amplos e mais críticos.
(Thamyres):Como a
arte influencia na Doutrina Espírita?
R:(André): Eu arriscaria dizer, mesmo correndo o risco
de estar equivocado, que a arte não influencia a Doutrina Espírita. A arte
influencia o homem. A arte faz vibrar no homem as suas energias espirituais e o
transporta para além da materialidade, fazendo-o alçar vôos mais altos rumo à
Deus. Da mesma forma, a Doutrina Espírita não influencia a arte, mas os artistas,
que têm nela os caminhos para buscarem inspirações mais sublimes e temas
transcedentais para suas obras, tendo sempre a certeza de que nunca trabalham
sozinhos. É o homem, o agente ativo dessa rede de influências. Sem ele uma
coisa não se envolveria com a outra.
(Thamyres):Eurípedes
é o Mentor espiritual do GEAMA né? Fala um pouco dele e de sua história.
R:(André): Isso foi uma
sugestão inspirada que recebemos, e buscamos nos aproximar cada vez mais desse
espírito que é puro amor. O GEAMA nasceu como consequência de uma viagem que
uma evangelizadora fez à cidade de Sacramento, onde conheceu o projeto de
Eurípedes Barsanulfo. Ela trouxe isso para o Rio de Janeiro e, assim que
conseguiu, criou o GEAMA.
Eurípedes é realmente um espírito muito bondoso e dedicado. Um espírita
verdadeiro, um professor amado por todos, um irmão em quem buscamos o exemplo
de vida. Sua vida foi pautada no amor em ação. Tenho em Eurípedes o suporte
para orientar minha caminhada. Qualquer coisa que se fale dele ainda é pouco para
traduzir o que ele simboliza. Eu sugiro a leitura do livro "Eurípedes, o
homem e a missão", que é uma biografia escrita por sua ex-aluna e
continuadora do seu apostolado, Corina Novelino.
6) (Thamyres):
Vcs foram a Sacramento - MG, buscar a história de Eurípedes, emoção pura! Como
foi isso? O que vcs viram, descobriram, conta tudo!!!
R:(André): Sim... Passamos
oito longos aguardando o dia que iríamos pisar nesse cantinho do Triângulo
Mineiro. Passamos dois dias e foram extremamente ricos. Nós não fomos lá apenas
para conhecer a história de Eurípedes, pois essa está amplamente narrada e
diversos livros, inclusive sobre suas encarnações anteriores. Fomos à
Sacramento buscar orientações seguras para a construção de uma escola, pois
Eurípedes Barsanulfo fundou a primeira escola espírita do Brasil, chamada
Colégio Allan Kardec. O projeto educacional e espiritual permanece ativo em
Sacramento e nós queríamos fazer contato com os membros dessa família
sacramentana a fim de aprender com eles. Estamos nos preparando para um projeto
mais sério aqui no Rio de Janeiro, com vistas à uma educação integral do ser,
enquanto espírito imortal, da mesma forma que Eurípedes fez no início do século
passado. Ainda temos muitos degraus a subir, mas é por isso que somos uma
família, um grupo, pois trabalhar para Jesus ao lado de amigos, torna as coisas
bem menos difíceis.
7) (Thamyres):
André, o que vc falaria para nós jovens, que estamos começando agora,
descobrindo dons, mediunidades, espiritualidade, as vezes é complicado um jovem
entender isso tudo, principalmente se esse jovem não nasceu em um "berço
espírita", o que vc tem a dizer pra gente tendo ou não nascido nesse
"berço"?
R:(André): Quando eu tinha
15 anos, vivi a adolescência conforme a maioria vive desentendimentos com meus
pais e meu irmão. Eu simplesmente não aguentava ficar dentro de casa e poderia
ter escolhido qualquer lugar para fugir. Eu decidi trabalhar no Centro Espírita
que frequentava e passei a ir pra lá todos os 7 dias da semana. Foi o que mudou
minha vida. O estudo, a oração, o trabalho voluntário modificaram para melhor o
meu caráter e eu amadureci bastante. A forma que eu enxergo o Espiritismo hoje
é muito mais ampla do que há treze anos atrás. Acho que, desde o dia que eu
reencarnei, levei cerca de 18 anos para realmente entender que eu sou um
espírito imortal. Isso mudou completamente a minha vida. Tantas coisas que eu
achava importante, se tornaram desinteressantes. O bom uso do tempo é uma das
coisas que tenho buscado desenvolver, para dar conta de todas as
responsabilidades que tenho. Não é nada fácil desenvolver disciplina, rotina em
meio à essa correria de cidade grande que temos hoje. Eu diria aos jovens, que
não transformem o Espiritismo em uma matéria escolar, monótona de ser estudada.
Quando o jovem sabe fazer boas perguntas, o Espiritismo se torna prazeroso de
ser estudado. Não me canso de me encantar com os pensamentos de Kardec e os
ensinamentos subjetivos dos Espíritos. A Doutrina Espírita é uma ferramenta
maravilhosa para aqueles que desejam se tornar pessoas de bem.
8) (Thamyres): Li
em um artigo, e conversando com a médium Ângela Ribeiro, que existe um
preconceito ainda grande, com relação a pictografia, tanto no artigo da revista
espírita, quanto na conversa com a Ângela, foi dito que algumas pessoas acham
que a pictografia não é vista como mediunidade por algumas pessoas, porque
esses médiuns lidam com artistas famosos, Monet, Matisse, Sisley, Picasso, etc.
e querem "aparecer", se promover, etc. Isso nos deixou muito tristes,
porque não é assim que as coisas funcionam né? VC acha que existe preconceito
com algum tipo de mediunidade ou até mesmo com o espiritismo em tempos tão
modernos?
R: (André): No nosso mundo,
o julgamento ainda é algo muito comum e, consequentemente, o preconceito. Nós,
espíritas não adotamos a prática de Kardec. A dificuldade que o Espiritismo
encontra nos brasileiros está justamente na educação. Sendo uma área pouco
valorizada no nosso país, e tendo, o Espiritismo, uma proposta de educação do
espírito, torna-se muito difícil não presenciar comentários alicerçados na
ignorância e no preconceito. A psicopictografia está registrada em O LIVRO DOS
MÉDIUNS, capítulo XVI. Há tanta farsa nesses médiuns quanto há de haver nos
outros tipos e isso, de forma alguma, deve servir para descredibilizar a essa
especialidade da mediunidade, sendo a falta ocasionada pelo médium. Toda
mediunidade tem um fim útil, belo e bom. É responsabilidade do homem o mau uso
que faz dela.
Que os bons espíritos inspirem você no caminho do amor e da Verdade.
Siga trabalhando com Jesus, com humildade, abnegação e devotamento.
Obrigado pelo carinho sempre sincero.
Muita paz.
André Luís Corrêa
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